segunda-feira, 26 de abril de 2010

CARTA DA TERRA - 26 DE ABRIL DE 2010

A Carta da Terra
Irmãos
O texto a seguir, da CARTA DA TERRA, cujo aniversário de 10 anos de lançamento foi comemorado no último dia 22 de abril, é bastante longo, porém vale a pena ler. O site da Carta em português é: http://www.cartadaterrabrasil.org/
Videos da Carta da Terra no Youtube: existem muitos videos sobre a Carta na Internet e no Youtube, em particular. Um dos mais completos está dividido em 3 partes, cujos links vão a seguir. Parece-me ser ótimo para abordagem nas formações da OFS em todos os níveis.

1a. parte - 2a. parte - 3a. parte
--------------------- CARTA DA TERRA --------------


O texto da Carta da Terra

PREÂMBULO

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LAR

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A SITUAÇÃO GLOBAL

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROS

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL

Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.
Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.

PRINCÍPIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

a. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
b. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

a. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
b. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a maior responsabilidade de promover o bem comum.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.

a. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
b. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.

4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.

a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.
b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.

a. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
b. Estabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses organismos prejudiciais.
e. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.
f. Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.

a. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.
b. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.
c. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.
d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
e. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.

7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.

a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
b. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.
c. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias ambientais seguras.
d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.
e. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.
f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.

8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.

a. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
c. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.

a. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.
b. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
c. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.

10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.

a. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
c. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
d. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas conseqüências de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.

a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
b. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
c. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da família.

12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

a. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
b. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.
c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
d. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.

IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ

13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.

a. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
b. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões.
c. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.
d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
e. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.

a. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
b. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.
c. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
d. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.

a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.
b. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
c. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.

16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.

a. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
b. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
c. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
d. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em massa.
e. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.
f. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.

O CAMINHO ADIANTE

Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.
Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva.
Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.

sábado, 24 de abril de 2010

Belo Monte: a volta triunfante da ditadura militar????

                            Rio Xingu , nas proximidades de Belo Monte - PA





O Governo Lula possui méritos inegáveis na questão social. Mas na questão ambiental é de uma inconsciência e de um atraso palmar. Ao analisar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) temos a impressão de sermos devolvidos ao século XIX. É a mesma mentalidade que vê a natureza como mera reserva de recursos, base para alavancar projetos faraônicos, levados avante a ferro e fogo, dentro de um modelo de crescimento ultrapassado que favorece as grandes empresas à custa da depredação da natureza e da criação de muita pobreza. Este modelo está sendo questionado no mundo inteiro por desestabilizar o planeta Terra como um todo e mesmo assim é assumido pelo PAC sem qualquer escrúpulo. A discussão com as populações afetadas e com a sociedade foi pífia. Impera a lógica autoritária; primeiro decide-se depois se convoca a audiência pública. Pois é exatamente isto que está ocorrendo com o projeto da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu no Estado do Pará.



Tudo está sendo levado aos trambolhões, atropelando processos, ocultando o importante parecer 114/09 de dezembro de 2009, emitido pelo IBAMA (órgão que cuida das questões ambientais) contrário à construção da usina, a opinião da maioria dos ambientalistas nacionais e internacionais que dizem ser este projeto um grave equívoco com consequências ambientais imprevisíveis.



O Ministério Público Federal que encaminhou processos de embargo, eventualmente levando a questão a foros internacionais, sofreu coação da Advocacia Geral da União (AGU), com o apoio público do Presidente, de processar os procuradores e promotores destas ações por abuso de poder.



Esse projeto vem da ditadura militar dos anos 70. Sob pressão dos indígenas apoiados pelo cantor Sting em parceria com o cacique Raoni foi engavetado em 1989. Agora, com a licença prévia concedida no dia 1º de fevereiro, o projeto da ditadura pôde voltar triunfalmente, apresentado pelo Governo como a maior obra do PAC.



Neste projeto tudo é megalômano: inundação de 51.600 ha de floresta, com um espelho d'água de 516 km2, desvio do rio com a construção de dois canais de 500m de largura e 30 km de comprimento, deixando 100 km de leito seco, submergindo a parte mais bela do Xingu, a Volta Grande e um terço de Altamira, com um custo entre 17 e 30 bilhões de reais, desalojando cerca de 20 mil pessoas e atraindo para as obras cerca de 80 mil trabalhadores para produzir 11.233 MW de energia no tempo das cheias (4 meses) e somente 4 mil MW no resto do ano, para por fim, transportá-la até 5 mil km de distância.

                           Rio Xingu - Onde se fará a Usina de Belo Monte

Esse gigantismo, típico de mentes tecnocráticas, beira a insensatez, pois, dada a crise ambiental global, todos recomendam obras menores, valorizando matrizes energéticas alternativas, baseadas na água, no vento, no sol e na biomassa. E tudo isso nós temos em abundância. Considerando as opiniões dos especialistas podemos dizer: a usina hidrelétrica de Monte Belo é tecnicamente desaconselhável, exageradamente cara, ecologicamente desastrosa, socialmente perversa, perturbadora da floresta amazônica e uma grave agressão ao sistema-Terra.



Este projeto se caracteriza pelo desrespeito: às dezenas de etnias indígenas que lá vivem há milhares de anos e que sequer foram ouvidas; desrespeito à floresta amazônica cuja vocação não é produzir energia elétrica mas bens e serviços naturais de grande valor econômico; desrespeito aos técnicos do IBAMA e a outras autoridades científicas contrárias a esse empreendimento; desrespeito à consciência ecológica que devido às ameaças que pesam sobre o sistema da vida, pedem extremo cuidado com as florestas; desrespeito ao Bem Comum da Terra e da Humanidade, a nova centralidade das políticas mundiais.



Se houvesse um Tribunal Mundial de Crimes contra a Terra, como está sendo projetado por um grupo altamente qualificado que estuda a reinvenção da ONU sob a coordenação de Miguel d'Escoto, ex-Presidente da Assembléia (2008-2009) seguramente os promotores da hidrelétrica Belo Monte estariam na mira deste tribunal.




                       Povos Indíginas do Xingu - Estes moram em áres que serão  inundadas para construção da Usina de Belo Momnte- PA

Ainda há tempo de frear a construção desta monstruosidade, porque há alternativas melhores. Não queremos que se realizem as palavras do bispo Dom Erwin Kräutler, defensor dos indígenas e contra Belo Monte: "Lula entrará na história como o grande depredador da Amazônia e o coveiro dos povos indígenas e ribeirinhos do Xingu".





Leonardo Boff é representante e co-redator da Carta da Terra.





PS

Queiram escrever para esses e-mails oficiais seja da Presidência da República, seja do Ministério do Meio Ambiente, seja do IBAMA e demais autoridades para reforçar a campanha da suspenção do projeto da construção da Unsina Hedrelétrica de de Belo Monte no Xingu, por amor aos povos indígenas, à Amazônia e à Mãe Terra.



Emails: gabinete@planalto.gov.br

gabinete@mme.gov.br

carlos.minc@mma.gov.br

roberto-messias.franco@ibama.gov.br



Cc: deborah@pgr.mpf.gov.br

jose.coimbra@mme.gov.br

secex@mme.gov.br

ouvidoria.geral@mme.gov.br

vitor.kaniak@ibama.gov.br

izabella.teixeira@mma.gov.br ,

rbja@fase.org.br>



Ao Sr. Presidente da Republica Luiz Inácio Lula da Silva

Ao Sr. Ministro de Energia Edison Lobão

Ao Sr Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc

Ao Sr. Presidente do IBAMA Roberto Messias Franco



Cc: A Subprocuradora geral da Republica sra Débora Duprat

Ao Secretário-Executivo do MME Márcio Pereira Zimmermann

Ao Chefe de Gabinete do MME José Antonio Corrêa Coimbra

A Secretaria Executiva do MMA Izabella Mônica Vieira Teixeira

Ao Secretario de energia Elétrica do MME Josias Matos de Araujo

Ao Chefe de Gabinete do IBAMA Sr Vitor Carlos Kaniak
 
Matéria enviada por nosso Irmão Ricardo Campane

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A RESPONSABILIDADE É DE CADA UM......

E EU COM ISSO?


COP-15: o que pode mudar na sua vida

A 15ª Conferência das Partes, da ONU, vai reunir os negociadores de cada país membro da

Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, para a definição de um acordo

global que controle as mudanças climáticas e garanta a sobrevivência desta e das gerações

futuras. Tudo isso parece muito distante de sua vida diária? Pois saiba que as decisões tomadas

em Copenhague podem afetar, e muito, o cotidiano de cada um de nós

Thays Prado - Edição: Mônica Nunes

Planeta Sustentáv el - 30/09/2009

De 7 a 18 de dezembro, os 193 países membros da UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre

Mudança do Clima estarão reunidos em Copenhague, capital da Dinamarca, para chegar a um acordo climático global

com medidas que impeçam que a temperatura do planeta suba mais do que 2º C – em relação ao período pré-

Revolução Industrial – até o final do século. (Leia a reportagem: Entenda a COP 15)

À primeira impressão, essas decisões parecem atingir apenas os governos e as grandes corporações, mas os

impactos não param por aí. Quando questionados sobre que mudanças a COP-15 traria para a vida de cada um de

nós, vários especialistas hesitavam em responder – pouca gente está pensando na esfera individual – mas, assim

que começavam a falar, as conexões iam se tornando óbvias. O acordo climático global pode afetar diretamente o

nosso estilo de vida, o modo como consumimos, a maneira como fazemos uso da energia e dos meios de

transporte e, em última instância, a nossa própria sobrevivência.

“Copenhague é uma oportunidade de trazermos mais racionalidade para nossas vidas”, diz o economista Ladislau

Dowbor, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e conselheiro do Planeta Sustentável. “Por meio

de um acordo internacional, seremos obrigados a reduzir nossas emissões de gases de efeito estufa e, por isso,

teremos que repensar o modo como organizamos os ciclos produtivos e o consumo domiciliar. Mas isso depende, em

grande parte, da conscientização das populações, porque não é só por lei que as coisas se transformam”, alerta.

"Poucas pessoas fazem uma relação direta entre o alimento que colocam na mesa, por exemplo, e o aquecimento do

planeta, mas, ela existe e cada um de nós vai ter que aprender a verificar sua pegada de carbono e a repensar seus

hábitos de vida. Copenhague vai provocar essa discussão em larga escala”, defende Emília Queiroga, vice-presidente

da ONG State of the World Forum.

A escritora, co-fundadora do Palas Athena e conselheira do Planeta Sustentável, Lia Diskin, diz que ainda estamos na

busca de mecanismos que nos permitam dar continuidade ao estilo de vida que já temos, o que considera um grande

equívoco. “Esse modo de vida é insustentável e, me atrevo a dizer, indecente! Eu me recuso a pertencer à parcela de

vinte por cento da população que está consumindo oitenta por cento dos recursos do planeta”.

Para o presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, que também é conselheiro do Planeta Sustentável, o impacto pós-

Copenhague para nossas vidas será enorme. Ele acredita na taxação de atividades e produtos em função da

quantidade de gases de efeito estufa emitidos. “A tendência é que todas as questões ligadas ao carbono sejam

objeto de regulação, o que vai desde o lixo até o consumo de bens duráveis, incluindo suas cadeias de valor”.

Para atender às metas e compromissos de redução de emissões, vamos precisar de novas tecnologias que facilitem

o uso de fontes renováveis de energia, aumentem a eficiência energética, tragam soluções para os meios de

transporte que vão além dos combustíveis fósseis e até aproveitem melhor os recursos da floresta. “Com isso,

aumentam os investimentos nessas áreas, inclusive com incentivos no setor de educação, o que possibilita a criação

de novos profissionais nesses campos e gera oportunidades de inserção em novos mercados, como o de energias

renováveis, que cresce entre 30% e 40% ao ano”, observa João Talochi, representante do Greenpeace.

É de se esperar que, daqui para frente, especialmente se as exigências do acordo de Copenhague forem rígidas,

15/12/2009 Planeta Sustentável - Imprimir Matéria

…abril.com.br/inc/pop_print.html 1/2

surjam novas profissões no mercado e a valorização de novos talentos que possibilitem a aceleração de uma

economia de baixo carbono e pequeno impacto ambiental.

Tasso Azevedo, assessor especial do Ministério do Meio Ambiente para assuntos de floresta e clima, ainda afirma que

o Brasil é um dos países que mais pode vislumbrar oportunidades no processo de redução de emissões. Entre elas

está o desenvolvimento de energias limpas e tecnologias diferenciadas e a geração de novos empregos.

Agora, saiba como sua vida pode mudar, setor por setor, dependendo do que for decidido na COP-15. O que dá para

adiantar é que, para que seja feita a redução de emissões de carbono, evidentemente, será preciso contar com a

consciência individual e coletiva, mas não se iluda: as medidas vão mexer no bolso de muita gente.

[img1] Novos meios de transporte para reduzir emissões

Para diminuir a quantidade de carbono que lançamos na atmosfera, será preciso repensar a maneira como nos

locomovemos e o tipo de combustível que utilizamos em nossos veículos. Esse será um dos focos de atenção dos

países que estiverem preocupados em reduzir emissões após o acordo climático de Copenhague

[img2] Mais energia limpa, menos carbono

Taxação do petróleo e seus derivados, incentivos para o uso de fontes renováveis de energia e até para a geração de

fontes antes desconhecidas, como o bagaço de cana e o lixo urbano, são assuntos que farão parte das discussões da

15ª Conferência das Partes, da ONU, em Copenhague, e que podem mudar o cenário energético do mundo

[img3] Produzir e comprar em função do carbono

Dependendo do que for acordado em Copenhague, as cadeias produtivas deverão reduzir suas emissões de carbono.

Até porque, é bem possível que os produtos sejam taxados em função da quantidade de gases de efeito estufa que

emitem. O consumidor será o responsável por fazer que isso realmente aconteça, por meio do seu poder de escolha

 Dinheiro para quem não cortar árvores

O pagamento por serviços ambientais prestados é um dos mecanismos que podem ajudar a controlar o aquecimento

global. O tema será amplamente debatido em Copenhague e muitos brasileiros podem ser beneficiados com a

medida, não apenas com recursos financeiros, mas com a abertura para novos tipos de atividades econômicas na

floresta

[img5] O dilema dos pobres na redução de emissões

Em países ricos e em desenvolvimento, há pessoas que vivem com menos de um dólar por dia e não têm condições

de reduzir emissões e arcar com a conta do aquecimento global. A 15ª Conferência das Partes, da ONU, em

Copenhague, no final do ano, também vai precisar discutir essa questão

[img6] Um novo ideal para as gerações atuais

Independente do que for decidido em Copenhague, serão os indivíduos os responsáveis pela construção de novos

valores e hábitos de vida que podem garantir a sobrevivência humana no planeta por mais tempo, além de estilos de

vida mentalmente mais saudáveis. As ONGs e a mídia terão um papel importante nessa transformação

15/12/2009 Planeta Sustentável

Matéria nos enviada pelo nosso irmão Marcus

quarta-feira, 21 de abril de 2010

FRANCISCO E A NATUREZA

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Francisco e a Natureza

Para as culturas clássicas, não judaicas, a natureza não passava de um aglomerado de divindades boas ou más. Os céus, os campos, os regatos estavam povoados de deuses, e uma grande variedades de seres benfazejos ou não. Até meados da Idade Média, a natureza permanecia marginalizada.





E, então, que surge na Úmbria, em Assis, um jovem extravagante que, em meio a uma existência burguesmente acomodada, descobre um ponto fundamental na história da criação: o homem foi criado por Deus, a natureza foi criada por Deus, logo o homem e a natureza são igualmente criaturas de Deus, irmãos por filiação divina. E reconcilia, em seu espírito, a humanidade com a natureza. Com esta visão, Francisco comportava-se como um novo Adão ao dar nome a todas as criaturas. Uma árvore não será um mito pagão, mas apenas uma árvore. A estrela será apenas estrela e não Vênus. O fogo será apenas fogo, e mais do que isso, irmão fogo! Todas as criaturas parecem estar sendo renovadas à medida que Francisco se identifica mais como criatura de Deus. Antes de Francisco, outras figuras de relevo na espiritualidade cristã viveram em contato com a natureza, mas não sentiram com tanta clareza a sua condição de co-irmãs criaturas.



Francisco não consegue tudo isso de repente. Esse amor foi progredindo à medida em que se abnegava a si mesmo. Esvaziava seu coração das coisas terrenas e o enchia das coisas celestes. Então, via Deus nos mais leves traços e nas mais insignificantes alusões a Deus e o amava assim, presente e percebido.



Ainda hoje admiramos Francisco a sua relação com a natureza, embora muitos não compreendam a profundidade do gesto. Através das criaturas, Francisco chegava diretamente a Deus, num amor puro e límpido. Não que ele desejasse possuir a coisa criada. Francisco não quis se aproveitar. Ele quis com as criaturas louvar a bondade, a sabedoria, onipotência e providência de Deus. A renovação espiritual iniciada por Francisco não ficou restrita apenas à visão contemplativa da natureza em si; toda sua cultura, a começar pela manifestação plástica e poética foi revificada, restaurada, engrandecida. Francisco, ao restabelecer a harmonia primitiva entre o homem e a criação, tornou-se hoje o merecido padroeiro da Ecologia.
 
Texto extraido do Blog de Frei Vitório Mazzuco,OFM